A Caatinga é considerada uma floresta tropical sazonalmente seca que se destaca por apresentar alta diversidade biológica. Por outro lado, ela está inserida na região semiárida mais populosa do planeta, assim pode ser considerada um sistema socioecológico complexo no qual as modificações ocorridas estão atreladas não só às condições semiáridas, mas também a rede de inter-relações entre populações humanas e ambiente. Neste contexto, buscamos identificar as mudanças no uso do solo e na cobertura vegetal da Caatinga, bem como suas relações com as atividades humanas utilizando como modelo o município de Pedro Avelino/RN. Para o estudo foram utilizadas imagens dos satélites Landsat 5 e Landsat 8 disponíveis no catálogo do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e no USGS Explorer, sendo o Landsat 5 para todos os anos e o Landsat 8 para o último ano, todas as imagens utilizadas tinham menos de 10% de cobertura de nuvens. Após a coleta de dados foi feito o cálculo de NDVI, bem como uma ida à campo para validar as classes de NDVI encontradas. Para investigar os possíveis fatores responsáveis pelas mudanças registradas foram sistematizados dados do Sistema Recuperação Automática – SIDRA/IBGE e dos Censos Agropecuários/IBGE para os dados referentes às lavouras permanentes e rebanhos, respectivamente. Adicionalmente, empregamos os dados climáticos da EMPARN para verificar mudanças associadas à precipitação. Obtivemos 5 classes de NDVI, duas delas apresentaram aumento, sendo elas a área sem vegetação que cresceu de 36,20% em 1984 para 41,07% em 2019 e a vegetação herbácea que aumentou de 22,44% para 34,01% no mesmo período. Por outro lado, as classes de vegetação arbustiva, vegetação arbustiva-arbórea e vegetação arbórea-arbustiva tiveram uma diminuição, sendo a maior redução a encontrada na última classe, variando de 12,32% para 6,28%. Em relação aos drivers das mudanças de uso do solo, os dados sobre agricultura revelaram uma significativa redução da área plantada no município no período estudado, a qual reflete sobretudo a variação encontrada nas plantações de algodão. Na década de 1980 existiam 30 mil hectares plantados com algodão e no último ano pesquisado já não existia nenhum hectare documentado no município. Apesar da redução da área cultivada e do êxodo rural associado ao colapso do cultivo de algodão, não reconhecemos uma regeneração florestal decorrente de tal processo como seria esperado. Uma possível explicação reside no incremento da criação de ovinos e caprinos, a qual aumentou de 5000 hectares no ano de 1980 para 11000 hectares no ano de 2018, o que poderia causar estancamento da sucessão florestal. Adicionalmente, os dados de EMPARN revelaram que os anos onde encontramos o maior registro de área sem vegetação coincidem com os anos de seca na Caatinga, com destaque para os anos de 2005 e 2015 nos quais a área sem vegetação atingiu os valores de 45,80% e 44,17% respectivamente. Assim, concluímos que a combinação de anos secos com a intensificação da pecuária impediu a regeneração da Caatinga na área estudada, reforçando a indissociabilidade dos fatores antrópicos e abióticos no entendimento dos padrões de cobertura florestal deste bioma.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas